domingo, 18 de novembro de 2018

O labirinto da resistência*



Ao avistar a saída respirou fundo, sentiu os filetes do vento empurrarem seus cabelos que ora eram longos, ora eram curtos. Parecia que seu corpo estava em combustão, olhava para o céu e via aquele mundo de cores que saiam bem de dentro de si. Tentou gritar, mas sua voz ainda era inexistente. Lembrou-se, então, como havia entrado naquele labirinto e como sinal de cansaço caiu de joelhos e apoiou com as mãos no solo e conseguiu balbuciar algo que lembrava um choro.
O primeiro labirinto era tão claro que não se podia ver nada, tinha uma luz tão forte que parecia com o sol das 5 horas da tarde. Ali só conseguia ver sua sombra e a aquela luz perseguidora. Queria olhar para baixo para proteger seus olhos, mas todas as vezes que abaixava a cabeça encontrava a sua sombra, ou a sombra de um ser que ainda não havia nascido. Passar por aquele labirinto clarificado foi resistir ao que era. O silêncio e a luz eram tão incômodos que se lembrou de quando queria apenas brincar e não podia, pois não era esperado que alguém assim fizesse algumas brincadeiras. Em meio a solidão do labirinto conseguiu olhar novamente para sua sombra e junto com ela brincou. Percebeu que brincar era resistir. Aquele ser e sua sombra que sorriram juntos e sozinhos começaram a correr felizes. Conseguiu ver uma saída daquela luz, mas ainda sim existiam reflexos atrás. A sombra foi conduzindo aquele lindo ser solitário à saída e de repente o empurrou bruscamente.
Quando atravessou entrou em pânico, pois ali estava no labirinto dos espelhos. Se viu de todas as maneiras e suas várias imagens não apontavam saída, somente reflexos. Olhou para trás e se viu criancinha sorrindo e vendo seu pai tocar piano em suas costelas. Sua mãe fazia broa e dizia que tinha tanto amor por aquele ser que chegava a doer. Caminhando mais um pouco deu de cara com uma pessoa sentada e com a cabeça apoiada nos joelhos. Parecia que estava chorando. Passo por passo chegou até aquela pessoa e acariciou seus cabelos. Quando a pessoa levantou o rosto ELE se reconheceu e se lembrou de suas lágrimas. Aquelas lágrimas o seguiram por anos, somente ele as sentia. Não podia jamais demostrar para ninguém que sabia chorar. Ainda não consegue chorar. Tem medo de aparentar fragilidades duvidosas. Ele sentado e chorando disse para ele de pé espantado: “Você seguirá sozinho e encontrará outros sozinhos como você, chore, mas não chore muito, pois você precisa caminhar”. Ele sentado desapareceu e ele de pé ficou ali chorando e pensando o que fazer. Quando tirou forças, começou a caminhar novamente e viu que no fundo do corredor havia um espelho que não o refletia.
Lentamente foi caminhado e viu que seu reflexo não aparecida. Chegou perto do espelho e não viu seu reflexo. Achou que estava morto. Tocou lentamente com o dedo o espelho e o reflexo começou a aparecer inicialmente de forma embaçada, posteriormente de forma assustadora. Ele não se via da maneira como se conhecia. Seus cabelos estavam crescendo, seus peitos estavam aumentando, sua cintura estava se afinando. Bateu um desespero e gritou. Seu grito não tinha mais aquele tom grave. Nascia ali uma garota frágil e  assustada. Quando olhou novamente para o início do labirinto dos espelhos, de uma forma estrondosa, tudo havia se quebrado. Só restavam estilhaços de vidros que refletiam algo que já foi. Com medo ELA saiu correndo e sentiu um aroma inquietante. Ali havia muitos cheiros e cada cheiro trazia muitas lembranças. Tudo estava confuso e misturado, como se tivesse vivido todas as emoções juntas.
Ela agora estava no labirinto dos perfumes. Os cheiros a lembraram de coisas lindas, e se lembrou de sua gestação (**). Se lembrou como foi dolorosa. Foi totalmente turbulenta. Sabia que o sexo da criatura que pulsava em seu ventre era indeterminado pela determinação de querer ser. Ela se lembrou que teve umas duas mil e trezentas gestações, porém somente algumas criaturas vingaram. Tinha parido algumas criaturas do bem e outras do mal e algumas que não eram nem do bem e nem do mal, apenas não eram. Eram o nada que pulsava em seu inexistente ventre. Seu parto foi mais doloroso que o fórceps, pois quase sangrou. Foi desumano porque ela era um e dez. Ela era o humano que se transformou no nada, no desumano para se conhecer e voltar a parir. Quando se viu ali com aqueles cheiros, percebeu que sua função era parir, mas sempre foi castrada nessa missão. Novamente tentou chorar e novamente tentou correr. O cheiro sumiu e tudo se escureceu. Ouviu algumas badaladas de sino e a escuridão passou a ser penumbra. Cruzes começaram a brotar do solo juntamente com lápides. Estava no labirinto da morte. A cada lápide que surgia, mais intrigada ela ficava. O nome de todas as lápides eram o dela. Ficou pensando em quantas vezes teve que morrer para continuar viva. Então ela não quis mais caminhar, queria ter forças, mas não conseguia absorver o drama de ninguém e nem os seus próprios, pois havia nela um opaco de esperança que a impossibilitavam de continuar. Lamentava-se por não ser forte o suficiente para se enfrentar, então dormiu para não sentir a dor. Apesar da dor latente, respirava calmamente, mas de súbito não quis se acostumar com aquela dor. Suplicou para um deus, que era irreconhecível em sua memória, um sopro de vida. Sentia um eco muito grande em seu ser, mas este eco não doía e então ela vivia um momento único, o da dor. Agonizou sozinha pela existência e percebeu como era dilacerante existir, mas não se importou e quis existir. Resolveu não mais dormir, não mais agonizar e então caminhou.
Ao avistar a saída respirou fundo, sentiu os filetes do vento empurrarem seus cabelos que ora eram longos, ora eram curtos não conseguiu mais se definir, não sabia se era ele, se era ela ou se era algo que ainda iria nascer. Parecia que seu corpo estava em combustão, olhava para o céu e via aquele mundo de cores que saiam bem de dentro de si. Tentou gritar, mas sua voz ainda era inexistente. Lembrou-se, então, como havia entrado naquele labirinto e como sinal de cansaço caiu de joelhos no chão e apoiou com as mãos no solo e conseguiu balbuciar algo que lembrava um choro. Respirou fundo novamente, resistiu aos labirintos e como o anoitecer brotou.



*Texto criado para o curso de Especialização em Gênero e Sexualidades
** Fragmentos de textos escritos anteriomente (Gestação e Brotar)

terça-feira, 25 de julho de 2017

Sobre pinguins e alianças

Por horas ela ficou sentada no quintal, se aquecendo ao sol e olhando para o brilho daquela aliança. Vários pensamentos passaram em sua mente, enquanto ela carinhosamente passava os dedos no anel.  Ficou pensando na vida dos pinguins. Pelo que ela havia lido, os pinguins faziam uma aliança eterna com o seu parceiro. Não era qualquer onda ou iceberg  que iria separá-los.  Na cabeça dela os pinguins se olhavam apaixonados. Tinham uma aliança.

Os pinguins não conseguem viver sozinhos.

O sol estava bem nos olhos dela, ao mesmo tempo em  que a aquecia, a cegava. Mais uma vez ela apertou a aliança. Havia um sentimento contraditório que tomava conta dela. Ela sabia que tinha que tirar aquela aliança, mas sempre se lembrava da história dos pinguins.
Lembrou-se dos planos. Da festa de casamento que não iria ter e da promessa de lealdade que virou pó.
Quando ela o conheceu, estava certa de sua força interior e de que jamais cairia novamente nas promessas vazias de alguém. Mas as conversas que tiveram foi como um emaranhado de teias que a envolveram e que a seduziram. E quando percebeu, já era. Estava apaixonada. Tinha se esquecido de todas as falsas teorias que falava com toda a propriedade de alguém experiente.
Por algum tempo riram muito, conversaram muito, beberam muito, se cheiraram muito. Tudo parecia mágico. Tudo parecia tranquilo.
Até que ele simplesmente disse que queria ficar sozinho, que estava mal e que não a queria por perto. Mais uma vez ela foi culpada pela tragédia de alguém.
Pensando nisso ela pegou a aliança e guardou numa caixa que tem coisas boas e coisas ruins, mas é uma caixa que nunca se abre, mas ele a abriu. E ali, na caixa,  deixou a aliança.
Resolveu tomar um banho e sair para respirar.
Passeando pelo centro, lembrou-se dele. Respirou , lacrimejou os olhos e se ajeitou no reflexo de uma vitrine.  
Entrou na loja e pediu para embrulhar aquele pinguim branco de porcelana.
Voltou para casa e colocou o pinguim em cima da geladeira, para nunca mais se esquecer que os pinguins são diferentes.
Não quis mais ser vista. E todas as teorias de ser forte voltaram a bater em sua mente.
Pensou novamente que os pinguins faziam uma aliança eterna com seus parceiros e descobriu que ele não era pinguim.

Cleber Miranda

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A caixa vermelha

Enquanto ela estava sentada na sala dos professores, corrigindo provas, seu pensamento estava lá na capital. Tinha tanto desejo de estar lá, poder abraça-lo, sentir seu cheiro. Há muito ela não se apaixonava e lutava contra qualquer coisa que a deixasse inebriada, porém aquele sorriso, aquele abraço e principalmente aquele beijo a cegaram. Ela nunca foi de sentir meias paixões, queria largar tudo e ficar enrolada naquele corpo. Aquele corpo lindo a desejava como se o corpo dela fosse o mais perfeito. Ah, se ele soubesse como a estava fazendo bem. Ela como sempre não se envergonhava de dizê-lo o quanto estava apaixonada, mas deixava claro que isso era um problema dela, que apesar dele ser o alvo de sua paixão, não era o protagonista de seus sentimentos. A princípio isso o deixaria tranquilo.
Naquele período em que estiveram juntos, foi muito prazeroso para ambos. Foram às montanhas, comeram coxinha, fumaram um baseado e conversaram muito. Como ela adorava sentar-se àquela mesa para ouvi-lo contando casos.  Ela sorria a cada exclamação que ele fazia.
Quando ela estava sozinha em sua cidade, ia até aquela montanha para andar descalça, fumar um baseado e ver a cidade anoitecer. Sentia uma energia tão boa quando as janelinhas começavam a se acender. Cada janela que acendia era uma vida que estava chegando em casa. Cada luz era uma pessoa que estava feliz gozando do prazer de estar viva, ou que estava triste amargando alguma dor. Quando ela via toda a cidade iluminada, percebia que ali havia muita vida e que ela também era uma vida daquele conjunto de luzes. Quando ela olhava para o céu, agradecia ao Deus e se lembrava dele. Queria novamente abraça-lo.
Esse foi o período em que ficaram mais tempo sem se ver. Ela já não aguentava mais de saudades. Ele dizia que sentia falta de sentar-se à mesa e conversar, beijar e dar um cheiro no cangote. Ela sorria quando ouvia isso.
Quando ela chegou à capital, o viu, o abraçou e fizeram amor. Deitados na cama, veio a primeira crítica. Ele disse que não gostava dos óculos dela. Ela percebeu então, que a paixão era só dela e que aquela seria a sua última noite com ele. Ela sentiu. Sentiu muito. Apenas se abraçaram e desejaram boa noite. Em cinco minutos ele já estava dormindo profundamente com uma respiração mais profunda ainda. Ela, em um turbilhão de pensamentos, chorou e agradeceu ao Deus por ter vivido, mesmo que por pouco tempo aquela paixão. Na manhã, ela se levantou e ouviu dele: "Você não dorme? Tenho a impressão que ficou acordada a noite inteira". Ela sorriu, o deu um beijo, levantou-se e trocou de roupa. Mal sabia ele que realmente ela não havia dormido um segundo sequer.
Quando ela saiu do apartamento, estava decidida a tomar um banho de cachoeira, precisava lavar a alma. Saiu sozinha e sem rumo. Dirigiu por 40 quilômetros até encontrar aquela água fria. Parou o carro e caminhou sozinha até a queda das águas onde chorou.
Com um grito forte e alto, olhando para aquela queda, ela novamente agradeceu ao Deus por tudo, sentia seu sangue correr por todo o seu corpo, e sentia aquela água gelada percorrer seus pés. Estava triste, mas não tinha mágoas dele. Ele a havia avisado que não estava preparado e ela foi até onde ele permitiu. O que ela iria fazer a partir daquela dor já não era problema dele, era somente ela. Ela teria que, novamente, aprender a lidar consigo mesma. Sozinha. Não tinha raiva. Voltou para casa e por muito tempo se trancou no quarto.
Diante de todo o barulho e estardalhaço que ela estava vivendo, não restou dúvidas, precisava arrumar as malas e dar um tempo. Um tempo de si. Um tempo para si. Queria ficar ali naquele quarto, totalmente desarrumado e cheio de angústia. O caos instalado naquele quarto representava bem o que estava acontecendo na vida dela. O trabalho a matava lentamente, então ela parou de ir ao trabalho. Os amigos estavam na capital e os poucos que estavam ali na cidade não suportavam mais vê-la em auto destruição. Eles não se falavam mais. Ela sentia muita saudade. Ele... não se tem notícias. Todas as vezes que ela se lembrava daquela noite em que apenas dormiram juntos, sem praticamente se tocarem, ela se afundava novamente na sua tristeza. Pensava em ligar para algum amigo, mas não tinha amigos para ligar. Todos estavam ocupados com suas angustias também. Por muito tempo sentiu pena de si mesma.  Quase perdeu o emprego. Quase perdeu a si mesma.
Já fazia dois dias que ela estava enfiada naquele quarto bagunçado e com pena de si. Estava magra, cabelo mal cuidado e sem energia. Foi quando olhou para a caixa vermelha. Ali estavam seus cremes, perfumes, escova de dente. Ao lado da caixa vermelha estava seus óculos.
Ela colocou os óculos e se olhou no espelho. Assustou com a imagem que viu. Magra, triste e sem energia. Pegou sua caixa vermelha e foi para o banheiro. Lavou o rosto, escovou os dentes. Ligou o rádio e estava tocando Feeling Good, aumentou o volume e entrou no banho.
Por muito tempo ela não olhava para si mesma. Tinha medo do que iria ver e do que não iria ver. Aquele banho foi como um exorcismo de tudo que estava a aprisionando.

Resolveu limpar. Tirou roupas e papéis dos armários. Retirou todos aqueles restos de comida e garrafas de vinho do quarto. Juntou duas caixas de lixo. Foi para o quintal e colocou fogo em tudo. Sentiu o calor do fogo em suas mãos. O pôr do sol a acompanhava enquanto ela via todo aquele lixo se queimar. Voltou para o quarto limpo e arrumou as malas. Não iria viajar. Tinha que trabalhar, mas não quis mais fechar as possibilidades. Colocou a caixa vermelha em cima da mala e deitou. Lembrou-se dele sorrindo. Ele foi uma pessoa incrível que ela conheceu e que a fez olhar para si mesmo. Ela deseja que ele esteja bem, que ele esteja feliz e que em algum momento possa agradecê-lo por tê-la trazido a vida novamente. Ela se olhou novamente no espelho e gostou do que viu. Estava viva.

domingo, 1 de março de 2015

Abrindo as janelas

Durante muito tempo se via o cheiro de mofo
era um cheiro cotidiano e esverdiado,
Acompanhado do cheiro, estavam ali todos os fantasmas
e por muitas vezes a eles foi pedir uma luz.
Mas eram fantasmas!
Todos estavam trancados naquele quarto.
A carne viva, os fantasmas e o cheiro de mofo.
Sempre pedindo um presente, uma luz.
O presente chegou e era seu aniversário
percebeu que era algo simples:
ELE PODIA ABRIR AS JANELAS.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

FAZENDO A BARBA



Foi através da dor que ele se viu crescendo. Não sabia de onde vinha aquela dor e nem aonde doía. Talvez a dor da alma ataque algum lugar que não conseguimos tocar. Ele já não aguentava mais ficar pelos cantos. Geralmente escolhia lugares escuros e sem ventilação. Era como se fosse para abafar sua existência. Ali enchia o ambiente com cheiro de cigarro e bebidas. A barba estava enorme. Os cabelos desgrenhados. A cor da pele lembrava o mofo. Os olhos eram mais fundos que a escuridão dos ambientes que tentava se esconder. A sua única companhia eram seus pensamentos. Entre um trago e outro tentava bloquear esses pensamentos. Estava à beira da loucura. Queria dormir eternamente, mas sua mente o mantinha acordado. Em meio ao caos conseguiu rezar. Pediu ao deus que enviasse um anjo para salvá-lo. Começou a sentir-se cansado. Arrastando-se encolheu no canto mais escuro do quarto. Colocou um punhado de comprimidos para dormir nas mãos. Encheu o copo de cerveja quente e com um gole engoliu todos os comprimidos. Por três dias dormiu. Em meio a escuridão, uma fresta de luz passou pela janela e foi direto no rosto dele. Ele que estava deitado no chão frio há três dias, na completa escuridão, sentiu o calor da vida. Olhou ao seu redor e só viu escuridão, fumaça, latas de cerveja e roupas sujas espalhadas pelo chão. Aquela fresta de luz lhe lembrou o sabor da vida. Levantou-se e foi para o banheiro. Ligou o chuveiro na temperatura mais quente. Deixou o vapor subir. O espelho do banheiro estava embaçado. Ele pegou a toalha e passou de modo que visse somente o seu rosto. Preparou a espuma e passou na barba cheia e ruiva. Começou a desvendar seu rosto. Cada vez que seu rosto se iluminava frente ao espelho embaçado mais forte ficava a sensação daquele feriado de Corpus Christi.
Naquele feriado ele tinha se decidido. Iria se despedir de seus pais. Viajou quatro horas e chegou sorridente. Pediu bênção ao pai, bênção a mãe e olhou cada pedacinho daquela casa onde cresceu.
Comeu bolo de fubá e brincou com as cadelas no quintal.
Resolveu que iria para algum bar. Não tinha mais amigos naquela cidade. Então tomou coragem e foi só.
Viu uma fila na porta de um café. Resolveu que era ali que ficaria. Depois de quinze minutos na fila conseguiu entrar.
Sentou-se no cantinho onde era quase imperceptível e pediu uma cerveja.
Por muito tempo ficou com seus pensamentos que eram tão barulhentos quanto aquela música alta que tocava na pista.
Quando ele resolveu olhar para frente, mirou direto nos olhos daquele cara que estava do outro lado do balcão. O cara do balcão tinha cabelos prateados e olhos esverdeados como quem está apaixonado. Era um sorriso que iluminava todo o ambiente.
O cara sorriu para ele e se aproximou.
Três palavras daquele cara e ele o beijou. O beijou muito, como se quisesse pegar um fôlego de vida, vindo daqueles lábios.
Após sua ressurreição e depois daquele beijo ele só queria viver. Esqueceu-se o que era a dor. Sentiu sua alma novamente.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Não tenho que olhar você

                   Tradução livre do manuscrito de  Mark Judovsky

Eu não tenho que tocar você
para sentir o tamanho de sua dor.
Eu não tenho que olhar em seus olhos
para ver brotar a sua dor.
Vejo metade de seu coração sangrando
mas também vejo que a outra metade
dá mais um passo.
Ouço um grito 
pelas verdades daquelas mentiras,
que acabaram com todos os seus pensamentos.
Gostaria de saquear e secar seus olhos, para
quem sabe enxergar através de todo o seu saber.
Para fazer com que suas lágrimas se vão,
digo que tudo será melhor.
Para fazer com que sua dor se vá,
fecho meus olhos. 
Para fazer com que sua dor se vá,
deixe  que meus lábios toquem sua face.
Para vivermos e apenas vivermos
toque minha alma.